CORONLAINE – UMA NOITE NA ÓPERA - Salvador Acontece

BREAKING

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

CORONLAINE – UMA NOITE NA ÓPERA



Por Luiz Cláudio Guimarães
A música pode ser definida como um resultado da organização de fenômenos acústicos de modo a produzir um efeito estético harmonioso e agradável. Um fluxo de impressões dirigido por uma dosimetria equilibrada de sons e silêncios. A matemática a serviço do prazer e da alegria. Enfim, a arte das musas.
Digamos que o conceito de música se especializou, guardando uma certa autonomia em relação ao executor.
Naturalmente que não foi sempre assim. Houve uma época em que a expressão musical máxima se confundia no Coro. De fato, não se conheceu manifestação cultural mais complexa, bela e tão fundamental para o desenvolvimento das artes que enfeixava: o Canto, a Poesia e a Dança. Por sua junção, brilhavam os cantores de outrora frente ao Altar de Dionísio.
Até que um dia veio a se perder o senso dionisíaco do mundo, a partir do que houve até quem cantasse sem poesia, poetas que recitavam sem música e outros que ouviam música sem dançar. Foi o início de uma tragédia antigrega muito monótona e monoteísta. Onde os Deuses?
Verdade? Fantasia? As brumas do tempo ofuscam o lume das nossas certezas. Nessa Boehemian Rhapsody, quem puxou o gatilho? Com ou sem você? (With or Without You).
Essas questões sonoras e existenciais são apenas parte de muitas outras que o Coronlaine propõe no show do seu 10º. aniversário.
Nesses dois lustros, a admirável orquestra de vozes perfomáticas da Bahia aperfeiçoou a sua proposta de resgatar o coro grego, cantando world music em pelo menos quatro idiomas. E por isso também dançam os seus integrantes de twist a tango. Não declamam, mas as letras das músicas que cantam são poemas belíssimos. Verdadeiras pérolas da lírica universal. Bridge Over Troubled Water de Paul Simon propõe uma solução que pode salvar o desesperado personagem da Boehemian Rhapsody, o carro-chefe do album A Night At The Opera do Queen, aliás aquela que foi considerada a melhor música pop de todos os tempos em votação feita no ano de 2008.
Ouvir Beatles Medley é como viajar no tempo, recapitulando os anos mais doces e inocentes de nossas vidas. Mas felicidade mesmo é bailar La Bamba, relembrando o furacão Ritchie Vallens (I see a little silhouette of a man), para depois transcender com WanaBaraka, canção religiosa queniana, e constatar o virtuosismo de 39 vozes na versão personalizada do musical América. Uma apoteose. E tudo isso sob a impecável regência do lépido Maestro Cícero Alves.
A temporada curtíssima no Teatro ACBEU encerra-se na quinta-feira próxima. Ninguém deveria perder um show assim. Até Bismillah deveria ir. Let him go!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Páginas